sábado, 22 de maio de 2010

Utilização de mídias eletrônicas nas práticas pedagógicas


PALESTRA

1. NOME DA INSTITUIÇÃO

Escola Marcelino Champagnat

2. IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO ALVO

Educadores da Educação Básica

3. TEMA DA PALESTRA

Utilização de mídias eletrônicas nas práticas pedagógicas

4. JUSTIFICATIVA

As mídias fazem parte do cotidiano das pessoas. Em qualquer idade que se queira aprender, buscar informações, construir ou reconstruir conhecimentos, as mídias estarão presentes com maior ou menor intensidade em nossa vida cotidiana.
O professor como detentor do único saber disponível, com verdades prontas e acabadas, está fadado à extinção, pois agora os alunos tem as mídias como importante fonte de informação e buscam o que for de seu interesse.
Para Belloni (2005), a escola deve integrar as tecnologias de informação e comunicação, porque elas já estão presentes e influentes em todas as esferas da vida social, cabendo à escola, especialmente à escola pública, atuar no sentido de compensar as terríveis desigualdades sociais e regionais que o acesso desigual a estas máquinas está gerando.
O uso das mídias na educação tem muitos benefícios a oferecer. Mas seu aproveitamento depende da maneira como as mídias são utilizadas. É importante considerar alguns aspectos: as mídias são importante fonte de informação e permitem analisar situações, refletir, interpretar; os professores devem estar preparados para utilizar as mídias como apoio à aprendizagem e para propor atividades práticas; aos professores, devem ser dadas oportunidades para se aperfeiçoarem no uso dos equipamentos e na maneira de utilizar as mídias.
Programação da palestra

1º Momento – Acolhida

O local de realização da palestra seria ornamentado com diversos instrumentos midiáticos de modo que ao chegar os educadores já os veriam e seriam mentalmente remetidos a momentos em que poderiam utilizá-las em sua prática.

Em seguida com um clip ao som da música “Aquarela”, do artista Toquinho, iríamos dançar e olhar um para o outro enquanto explorávamos o espaço da sala. Ao fim do clip buscaria escutar as impressões dos educares sobre aquele momento.

2º Momento – Questionamento e pergunta sobre o conceito de Mídia

Esse momento seria iniciado com a pergunta de que mídias vocês dispõe aqui na escola? E como vocês as definem? A partir das resposta buscaria desenvolver minha fala destacando a presença da mídia como fato em nossas vidas.

4º Momento – A mídia como instrumento pedagógico

Esse momento seria o espaço para destacarmos as experiências de sucesso com a utilização crítica da mídia nas iniciativas pedagógicas de alguns educadores, de modo que todos percebam que é possível a utilização pedagógica das mídias na dinamização das aulas. Toda essa fala seria construída a partir da obra “o que é mídia-educação” da autora Maria Luiza Belloni.

5º Momento – Atividade prática com vídeos

Essa atividade prática seria através de vídeos gravados com os próprios celulares dos educadores presentes. Nesta produção de vídeo os educadores simulariam entrevistas entre eles sobre os as mídias e sua importância para a dinamização das aulas. Ao final seriam escolhidos alguns vídeos a serem apresentados a todo o grupo.

6º Momento – Avaliação do momento formativo

Esse é um grande momento, Pois buscaríamos ouvir de alguns educadores aquilo que marcou da palestra, fazendo com que os demais exercitassem a dimensão da escuta. Essa avaliação seria feita a partir de depoimentos dos próprios educadores presentes.
Referências bibliográficas

BELLONI, Maria Luíza. O que é mídia e educação. São Paulo: Autores Associados, 2005.

http://www.catolicavirtual.br/conteudos/graduacao/cursos/pedagogia/html/7o_semestre/midias_educacao/index.php?_s=3c731a1feeb6453f28d7a64000fecc95. Acesso em 22 de maio de 2010.



Sociedade do espetáculo!


 
Pesquisando sobre o tema, “sociedade do espetáculo”, encontrei muitas falas de Feuerbach um teólogo humanista e filosofo alemão. Segue na íntegra suas reflexões:
"No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso."
"...a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente.
Onde o mundo real se converte em simples imagens, estas simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes típicas de um comportamento hipnótico.
O consumidor real torna-se um consumidor de ilusões.
A mercadoria é esta ilusão efetivamente real, e o espetáculo a sua manifestação geral.
O homem alienado daquilo que produz, mesmo criando os detalhes do seu mundo, está separado dele. Quanto mais sua vida se transforma em mercadoria, mais se separa dela.
O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação generalizada.
A prática social, diante da qual surge o espetáculo autônomo, é também a totalidade real que contém o espetáculo.
Assim, toda a realidade individual se tornou social e diretamente dependente do poderio social obtido. Somente naquilo que ela não é, lhe é permitido aparecer.
Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.”
As palavras de Feuerbach são muito assertivas na descrição do que vivemos hoje. O espetáculo das propagandas que nos fazem desejar o que não precisamos. Tornar heróis sujeitos com uma história pouco heróica e outros. A alienção acontece aos poucos. O fundo do posso é não sabermos mais quem somos e o que de fato importa em nossa vida. Aos poucos perdemos a capacidade amar e desejar verdadeiramente. As fotografias que estão ilustrando o texto falam tudo.


FEUERBACH, Ludowig. A essência do cristianismo. Lisboa: fundação Caloute Gulbenkian, 2001.


sábado, 15 de maio de 2010


PEDAGOGIA DE PROJETOS
José de Assis E. de Brito
João Paulo Rabelo
Luciana de Souza
Marlene Soares
Silmara Silva
1. Conceito e Gênese

A idéia de Pedagogia de Projetos foi criada no início do século passado pelo estadunidense John Dewey. Este renomado educador tomou por base a concepção de que “educação é um processo de vida e não uma preparação para a vida futura”. Ou seja, a escola deve representar o agora, a vida prática dos alunos, a sociedade que eles irão enfrentar em breve.

A Pedagogia de Projetos começou a ser conhecida no Brasil, a partir da divulgação do movimento conhecido como "Escola Nova", contrapondo-se aos princípios e métodos da escola tradicional. Esse movimento foi resultado de pesquisas de grandes educadores europeus como Montessori, Decroly, Claparède, Ferrière e outros, e teve, na América do Norte, dois grandes representantes: John Dewey e seu discípulo, William Kilpatrick. Foram estes americanos que criaram o "Método de Projetos" e suas propostas pedagógicas foram introduzidas e disseminadas no Brasil principalmente por Anísio Teixeira e Lourenço Filho [Duarte, 1971].

A "Metodologia de Projetos" de Dewey e Kilpatrick é considerada um "método" que deve passar a ser uma postura pedagógica. A Pedagogia de Projetos tem sido encarada, de alguma maneira como mais um modismo na área educacional, já que praticamente todas as escolas trabalham ou dizem trabalhar com Projetos nos dias de hoje. Porém a falta de conhecimento sobre essa prática tem levado o professor a conduzir atividades totalmente incipientes rotulando-as de Projetos.

Mais do que uma técnica atraente para transmissão dos conteúdos, como muitos pensam, a proposta da Pedagogia de Projetos é promover uma mudança na maneira de pensar e repensar a escola e o currículo na prática pedagógica. Com a re-interpretação atual da metodologia, esse movimento tem fornecido subsídios para uma pedagogia dinâmica, centrada na criatividade e na atividade discentes, numa perspectiva de construção do conhecimento pelos alunos, mais do que na transmissão dos conhecimentos pelo professor.

A Pedagogia de Projetos surgiu da necessidade de desenvolver uma metodologia de trabalho pedagógico que valorize a participação do educando e do educador no processo ensino-aprendizagem, tornando-os responsáveis pela elaboração e desenvolvimento de cada Projeto de Trabalho.

A educação através de Projetos permite uma aprendizagem por meio da participação ativa dos educandos, vivenciando as situações-problema, refletindo sobre elas e tomando atitudes diante dos fatos. Ao educador compete resgatar as experiências do educando, auxiliá-lo na identificação de problemas, nas reflexões sobre eles e na concretização dessas reflexões em ações.

A aprendizagem passa então a ser vista como um processo complexo e global, onde teoria e prática não estão dissociadas, onde o conhecimento da realidade e a intervenção nela tornam-se faces de uma mesma moeda. A aprendizagem é desencadeada a partir de um problema que surge e que conduz à investigação, à busca de informações, à construção de novos conceitos, à seleção de procedimentos adequados.

2. Histórico do Colégio Marista de Taguatinga



O Colégio Marista Champagnat Taguatinga está localizado na QSD, Área Especial nº 1, Taguatinga Sul - DF. Trata-se de uma unidade Educacional de direito privado e confessional, mantida pela União Norte Brasileira de Educação e Cultura–UNBEC. Atende, atualmente, a 2.600 educandos, oferecendo toda a Educação Básica.

A proposta pedagógica do Colégio Marista Champagnat, define-se pelo favorecimento do aprender a pensar e do desenvolvimento de competências, não se restringindo a uma abordagem puramente cognitiva. Todo o trabalho é baseado no sócio-interacionismo, contemplando as teorias de Piaget, Vygotsky, Ausubel e Feuerstein.

As concepções desses autores são muito propícias ao contexto Marista, porque comungam do projeto de investir no homem transformador que, sendo capaz de mudar o contexto social, transforma a si mesmo.

Marcelino Champagnat é a fonte e a raiz que dão vida à Educação Marista. Os tempos e as circunstâncias mudam, mas a sua visão e a sua dinâmica espiritual vivem em nossos corações.

A Missão do colégio é educar e evangelizar crianças e jovens, fundamentada em São Marcelino Champagnat, para formar cristãos e cidadãos comprometidos na construção de uma sociedade sustentável, justa e solidária.

3. Princípios do Colégio Marista:

1. Educação integral, centrada em Jesus Cristo e inspirada em Maria.

2. Articulação entre fé, cultura e vida.

3. Qualidade na prestação dos serviços.

4. Foco em resultados nas áreas de atuação.

5. Parceria entre Irmãos e Leigos (as).

6. Respeito à diversidade e fomento da inclusividade.

7. Preferência pelos mais necessitados e suas famílias.

8. Responsabilidade social e ambiental.

9. Atuação segundo a ética e a justiça.

10. Sinal profético de solidariedade e de esperança.

11. Uso evangélico dos bens.

4. Pedagogia de Projetos no Projeto Político Pedagógico do Colégio Marista

Projeto de trabalho é a denominação de uma prática educacional que está sendo associada a algumas propostas de reforma na escola brasileira. Tais reformas pretendem favorecer mudanças nas concepções e no modo de atuar dos professores.

Os projetos aparecem como veiculo para melhorar o ensino e como distintivo de uma escola que opta pela atualização de seus conteúdos e pela adequação as necessidades dos alunos e dos diversos setores da sociedade.

A finalidade é “recriar” o papel da escola, levando-se em conta as mudanças sociais e culturais que acontecem em cada época. Nos últimos vinte anos, o que mais se tem evidenciando são as transformações no universo da socialização, sobretudo fora da escola.

A investigação na ação é uma estratégia que permite melhorar o conhecimento das situações-problema e introduzir decisões para mudanças da prática. Trata-se de um olhar que, acima das modas e releituras, está presente na maneira de encarar algumas situações produzidas na escola.

O melhor caminho para ensinar a alguém a pensar é mediante a investigação, observando o contexto social que procedem aos estudantes e as vias tomar na busca de significados para interpretar e compreender a realidade.

Transformar em conhecimentos públicos essa indagação, quer dizer, compartilhá-la com outros membros do conjunto da escola e da comunidade – mediante murais, painéis, conferências, debates, intercâmbios e/ou publicações – pode configurar um primeiro eixo inspirador dos projetos.

O trabalho com projetos vislumbra um aprender diferente; ele propicia a noção de educação para a compreensão. Essa educação organiza-se a partir de dois eixos que se relacionam: aquilo que os alunos aprendem e a vinculação que esse processo de aprendizagem e a experiência da escola têm com suas vidas.

A proposta que inspira que trabalha com projetos favorece a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares, a qual objetiva a compreensão das estruturas internas de um conteúdo que intencionalmente sequer ensinar as crianças.

O trabalho com projetos é amplo que norteia todo o âmbito da Educação Infantil. É por meio dela que se pode ensinar melhor, pois a criança aprende de forma significativa e contextualizada.

O conhecimento é visto sob uma expectativa construtivista, na qual se procura estudar e pesquisar com as crianças, de forma lúdica e prazerosa, respeitando as características internas das áreas de conhecimento envolvidas no trabalho.

Atuação do professor, além de levar em conta os conhecimentos prévios do aluno, deve propor desafios que questionem tais conhecimentos, em que a criança possa confrontar suas hipóteses espontâneas com hipóteses e conceitos científicos, de maneira a apropria-se gradativamente desse.

Ao planejar a realização de um projeto, o professor deve ter claro qual o objetivo a ser alcançado, ou seja, o que quer realmente que as crianças aprendam. Para tanto será necessário um planejamento prévio, que embase a sua prática educativa, bem como pesquisa sobre o assunto.

É necessário que o professor esteja atento, pois um projeto, além de ter o propósito de ensinar, precisa ter um sentido imediato para a criança e seu objetivo compartilhado com seus alunos.



5. Considerações Finais

Ao concluirmos essa atividade concluímos que a Pedagogia de Projetos visa a re-significar o espaço escolar, transformando-o em um local vivo de interações, aberto ao real e às suas múltiplas dimensões. Ela significa uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino/aprendizagem.

Com essa Pedagogia o aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conhecimentos e conteúdos prontos. O envolvimento dos alunos é uma característica importante desse modo de ensinar e aprender.

A Pedagogia de Projetos desenvolve valores essenciais a vida dos aprendentes como desejo pela pesquisa, autonomia, liberdade, partilha do saber, e outros, contribuindo de modo significativo para uma formação madura e centrada em nossa realidade.

6. Referências Bibliográficas



http://www.projetospedagogicosdinamicos.kit.net/index_arquivos/Page325.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_de_Projetos

Ministério da Educação. Texto referência para o debate nacional sobre educação Integral. SECAD, Brasília, 2008.

FURET, Jean-Baptiste. Vida de Marcelino José Bento Champagnat. São Paulo: Loyola/SIMAR, 1999.



Anexos



1. Cronograma de ações para elaboração do trabalho



• Reunião de escolha da escola e tema - 02/04

• Observação em sala de aula – 15/04

• Entrevista com coordenadora Aline Ferla – 16/04

• Entrevista com educadora Karla Figueiredo – 22/04

• Reunião Final – 22/04



2. PESQUISA DE CAMPO



1ª ENTREVISTA



INSTITUIÇÃO: Colégio Marista de Taguatinga – DF

ENTREVISTADA: Aline Ferla

TEMA: Pedagogia de Projetos

FUNÇÃO: Coordenadora Pedagógica

SEGMENTO: Ensino Fundamental I

FORMAÇÃO ACADÊMICA: Pedagogia



1. O que é Pedagogia de Projetos?

É uma excelente proposta pedagógica que busca através de uma cultura de desenvolvimento de projetos, desenvolvidos através das demandas dos educandos e da escola favorecer mudanças significativas no processo de ensino-aprendizagem.

2. O Marista consegue viver essa experiência de Pedagogia de Projetos?

Sim, temos dado muitos passos significativos nessa área, porém continuamos investindo na formação de nossos educadores, nos espaços físicos da escola e na parceria com as famílias para que possamos crescer muito mais.

3. Como surgem os projetos a serem desenvolvidos nas turmas?

Aqui, por ser uma escola de princípio cristão católico, caminhamos em comunhão com a Igreja e utilizamos a temática da Campanha da Fraternidade de cada ano como tema gerador dos projetos a serem desenvolvidos a cada ano. Campanha da Fraternidade é uma campanha realizada anualmente pela Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, sempre no período da Quaresma. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução.

A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação, a partir daí os projetos são gerados em parceria pelos educadores e educandos de nossa escola.

4. Quanto tempo de duração tem os projetos?

Há o projeto gerador com o tema da Campanha da Fraternidade que dura o ano todo e dentro desse projeto macro surgem os projetos menores que tem duração de um bimestre.

5. Todos os educadores do seu segmento são pedagogos?

A Instituição mantenedora do marista, já a um bom tempo entende que os anos iniciais devem ser assistidos por educadores pedagogos. Porém ainda temos algumas educadoras que pelo fato de serem antigas na casa e já perto de se aposentarem, continuam em sala. Sem pedagogia são poucos, mas são bons professores. Aos poucos o intuito é que todos os nossos parceiros sejam da área pedagógica.

6. Como se dá a formação dos educadores para o trabalho com os projetos?

É um processo continuo de formação que tem início a cada ano com uma boa formação na Jornada Pedagógica da escola e que continua semanalmente, com o projeto de formação continuada que ocorrem semanalmente no colégio e também através de vídeo conferências oferecidas pela Província Marista, assim como textos, livros e congresso que os educadores participam com o incentivo da direção.

7. Há algum educador resistente ao desenvolvimento da Pedagogia de Projetos?

Há sim, pois essa forma de ensinar é trabalhosa, então inicialmente alguns, principalmente os não pedagogos, tem certa resistência que é quebrada no processo com o meu acompanhamento e da direção.

8. Qual o retorno das famílias do trabalho realizado no seu segmento?

A parceria com as famílias é sempre um desafio constante, mas no caso dos projetos como acabamos sempre as envolvendo nas atividades dos filhos, os retornos são bons. Salve alguns pais que acham que nós exigimos muito dos alunos nas pesquisas e atividades dos projetos, como as pesquisas e outros.

9. Quais os maiores desafios dessa proposta pedagógica?

A parceria com as famílias e a questão multidisciplinar das avaliações, pois os educadores ainda possuem certa dificuldade na elaboração das aulas e principalmente das avaliações.

10. Como se dão as avaliações dos aprendentes?

As avaliações contemplam elementos quantitativos e qualitativos e se dão através de provas escritas, pesquisas, participação nas aulas, assim como a vivencia de valores como respeito, solidariedade, boa relação com os colegas e outros.



2ª ENTREVISTA



INSTITUIÇÃO: Colégio Marista de Taguatinga – DF

ENTREVISTADA: Karla Figueiredo Moreira José da Silva

TEMA: Pedagogia de Projetos

FUNÇÃO: Professora – 4º ano

SEGMENTO: Ensino Fundamental I

FORMAÇÃO ACADÊMICA: Pedagogia – Séries iniciais



1. Quanto tempo trabalha no Colégio Marista Champagnat de Taguatinga?

Eu leciono a exatamente 15 anos, no segmento do Fundamental I.

2. Qual o projeto que está desenvolvendo em sua série?

Estamos desenvolvendo o projeto “Meio Ambiente”, que engloba vários

subprojetos que são sobre saúde, alimentação, conscientização ambiental, higiene e outros.

3. Desde quanto trabalha com os projetos?

Trabalho com projetos há 3 anos.

4. Qual a aceitação e motivação dos educandos perante o projeto?

Os educandos se sentem motivados, pois a temática do projeto condiz com a realidade que eles vivenciam conseqüentemente a aceitação é plena.

5. A dinâmica dos projetos facilita a aprendizagem e socialização dos educandos?

Com certeza, pois a execução dos projetos está totalmente vinculado a realidade dos educados, o que torna todos envolvidos e participantes dos projetos, conduzindo assim para uma socialização dos educados e dos temas.

6. Como os conteúdos são trabalhados, junto ao projeto ou isoladamente?

Os conteúdos estão sempre associados aos projetos, pois assim torna a compreensão dos educandos mais fácil e significativa tanto para a execução dos projetos quanto para o desenvolvimento pedagógico.

7. A execução dos projetos favorece a disciplinariedade?

Sim, pois os conteúdos estão sempre ligados as temáticas dos projetos, o que facilita o processo de aprendizagem dos educandos.

8. O tempo do projeto é bimestral, semestral ou anual?

Os projetos são bimestrais, o que podemos observar a aceitação dos educandos e se o mesmo está contribuindo para o desenvolvimento escolar, familiar e social do educando.

9. Como são os níveis de conhecimentos dos pais e se há retorno dos mesmos?

Os são comunicados do projeto, e há uma grande participação dos mesmos, fornecendo informações aos filhos que contribui bastante para a execução do projeto.

10. Qual o incentivo da coordenação e da direção do colégio perante o projeto?

Tanto a coordenação, quanto a direção participam efetivamente da construção e incentivam a pedagogia de projetos, pois estimula e favorece o ensino-aprendizagem dos educandos.

11. O que é Pedagogia de Projetos?

A Pedagogia de Projetos proporciona a efetivação da aprendizagem, partindo da realidade do aluno para o todo.







Educação se faz com respeito - 122 anos da promulgação da Lei Áurea


A juíza Luislinda Dias de Valois Santos , lançou em 2009 seu primeiro livro, “O negro no século XXI”, pela editora curitibana Juruá.

A juíza Luislinda Dias de Valois Santos , lançou em 2009 seu primeiro livro, “O negro no século XXI”, pela editora curitibana Juruá.

Em setenta e duas páginas, Luislinda faz um ensaio sobre a situação atual do negro em diversas áreas, como lazer, educação, trabalho, justiça social, políticas públicas, esporte.

A juíza abandona o ‘juridiquês’ e escreve numa linguagem simples e direta, de fácil compreensão.

Luislinda ainda terá sua vida contada no livro “A juíza que rodou a baiana”, escrito pela jornalista Lina de Alburquerque e que deve ser lançado no final deste ano. “O projeto prevê cerca de cinquenta horas de gravação de entrevistas com a personagem e pessoas diretamente ligadas a ela”, conta Lina.

É sempre o negro o delinquente



O professor pediu o material de desenho, a custo o pai de Luislinda conseguiu com¬prar um, meio remendado. Pois bastou o professor ver o material para magoá-la para sempre. “Menina, deixe de estudar e vá aprender a fazer feijoada na casa dos brancos”.

Ela chorou, ainda se emociona quando relembra, 58 anos depois. Mas tomou coragem e retrucou: “Vou é ser juíza e lhe prender”. A primeira parte, ela cumpriu. Em 1984, a baiana Luislinda Valois Santos tornou-se a primeira juíza ne¬gra do País.

Não à toa, também foi ela quem proferiu a primeira sentença contra racis¬mo no Brasil. Em 28 de setembro de 1993, condenou o supermercado Olhe Preço a indenizar a empregada domésti¬ca Aíla de Jesus, acusada injustamente de furto. Aos 67 anos, lança em agosto seu primeiro livro, “O negro no século XXI”.

Como foi sua infância? Imagino que não tenha tido muitos recursos…

Faça uma pequena ideia (risos). Mi¬nha mãe era lavadeira e costureira e meu pai era motorneiro de bonde. Minha infância foi miserável, mas meus pais sempre primaram pela educação e pela nossa saúde. Quan¬do eu tinha 9 anos, estava começan¬do a estudar, um professor pediu um material de desenho e meu pai, coi¬tado, não pôde comprar o que ele pediu, mas comprou outro.

Quando cheguei à escola, feliz da vida, ele disse: “Menina, se seu pai não pode comprar o material, deixe de estu¬dar e vá aprender a fazer feijoada na casa dos brancos”. Imagine como foi marcante pra mim (chora). Saí cho¬rando. Mas sou muito impetuosa. Voltei, fui em cima dele efalei: “Não vou fazer feijoada para branco, não. Vou é ser juíza e lhe prender”.

Em ca¬sa, ainda tomei uma baita surra do meu pai. Naquela época, não se po-dia desrespeitar professor.

Começou a trabalhar cedo?

Com 7 anos, quis aprender datilo¬grafia e, para pagar o curso, minha mãe sugeriu que eu lavasse aquelas fraldas de pano que se usava na épo¬ca. Aí fiz isso. Mas, trabalhar real¬mente, comecei com 14 anos, como datilógrafa.

Comecei na Companhia Docas da Bahia e, logo em seguida, minha mãe tinha acabado de mor¬rer, me arrumaram um trabalho no DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, hoje Dnit). Fui crescendo lá: trabalhei como escre¬vente, escriturária, chefe de orça¬mento.

Estudei filosofia, não con¬cluí, depois comecei teatro, mas meu pai não me deixou cursar, disse que era coisa de prostituta. Aí, um dia, decidi fazer direito. Já tinha uns 34, 35 anos.

Me inscrevi e passei na Universidade Católica. Me formei aos 39 anos, no dia 8 de dezembro e, no dia 9, começaram as inscrições para o concurso de procurador do DNER.

Passei em primeiro lugar no Brasil. Mas não pude assumir aqui.

Por que não?

A pessoa que passou em último tam¬bém era daqui da Bahia. Como eu não tinha padrinho político, algu¬mas autoridades me puseram numa sala e falaram: “Doutora, precisa¬mos da sua vaga aqui. Vamos lhe oferecer Sergipe ou Paraná”. Aí fa¬lei: como vocês estão me mandando embora, vou logo para longe. Fui para o Paraná. Com 90 dias, o chefe da procuradoria de lá se aposentou e fui designada para a vaga dele. Morei lá quase 8 anos.

Li que, antes de estudar direito, a senhora participou de um concurso de beleza. Como foi isso?

Trabalhava no DNER, tinha uns 20 anos, e um dia me chamaram na diretoria e falaram: “estão abrindo um concurso da Mais Bela Mulata e você vai ser a nossa miss” (risos). Aí eles foram falar com meu pai. Era de maiô e tudo, imagine…

Meuu pai fi¬cou bastante reticente, mas por fim pediu a seu Rangel, que era o chefe do administrativo, para assinar um documento se responsabilizando pela minha integridade física (risos). A integridade física da época era a tal da virgindade, a preocupação era essa.

Teve várias etapas. As mais im¬portantes foram no Forte de São Marcelo e na Rua Chile, que era o point. Ganhei como Miss Simpatia.

E como se tornou juíza?

Estava em Curitiba e vim de férias pa¬ra cá, soube do concurso pelo jornal A TARDE, que meu pai comprou. Fa¬lei: pronto, é agora. No dia seguinte, fiz a inscrição e as provas. Aí, uma noite, o telefone tocou e a menina disse que eu tinha sido aprovada. Acordei meia Curitiba, né? (risos).

O fato de ser a primeira juíza negra do Brasil só me dá responsabilidade. Até hoje só temos dois ministros ne¬gros nos tribunais superiores. Por que isso? A inteligência não é priva¬cidade de nenhuma raça. Até por¬que só existe uma raça, a humana. Ser juíza não é difícil. É só ter bom senso, estudar de manhã, meio-dia, de tarde e de noite e gostar de lidar com gente.

Não pode pensar que, só porque o cidadão é marginal, ele já merece estar enclausurado. Primei¬ro se vai ver por que aquele sujeito virou marginal.

A sociedade é quem escolhe quem vai delinquir. E te digo mais: nesse momento, a sociedade escolheu que é o negro, pobre, jo¬vem, da periferia. Na hora que se tem de condenar, se não tiver a quem condenar, se condena o ne-gro, mesmo que ele ainda esteja no ventre da mãe.

A senhora falou que não é “porque o ci¬dadão é marginal que já merece estar en¬clausurado”. A sociedade espera uma resposta, de todo modo.

A sociedade não colabora para que as pessoas não cheguem a delinquir. O que é que se tem de dar? Oportu¬nidades.

Primeiro, educação de qualidade e continuada. Imagine uma pessoa que tem oito, dez filhos, se depara uma manhã sem ter o pão para alimentar seus filhos. Se não ti¬ver muito equilíbrio, faz bobagem.

Já se viu diante de um caso desse? Como a senhora agiu?

Já, no interior. Resolvi da seguinte forma: fui até o prefeito e consegui um serviço de jardinagem para ele.

A pena que dei foi que, com o primei¬ro salário, ele pagasse o que tinha pego. Nunca mais ouvi falar que es¬se rapaz fizesse nada de ilegal.

Digo sempre o seguinte: se tiver eu e uma loira juntas, o que sumir primeiro, fui eu que peguei. É sempre o negro que é o delinquente de hoje.

No seu trabalho como juíza, ainda sofre muito preconceito?

Sou a sétima juíza mais antiga do Es¬tado e nunca consegui ser convoca¬da para o Tribunal. Me sinto prete¬rida.

Tenho certeza de que já era pa¬ra eu ser desembargadora há muito tempo, preencho todos os requisi¬tos.

Para se saber o que é racismo, é só ficar negro por 48h.

Certa vez, no juizado de Piatã, aproveitei o tempo para arrumar uns processos. Che¬gou uma advogada e falou: ‘O juiz vem hoje?’. Eu aí fiz um sinal para a moça não dizer que era eu.

A advo¬gada ficou lá, reclamando que juiz nunca chegava na hora, coisa e tal. Na hora da audiência, subi, pus a to¬ga e, quando ela me viu, não acertou fazer nada. Tive de adiar a audiên¬cia.

Falei: ‘Tenha paciência, a senho¬ra toma um chazinho de erva-cidreira e, amanhã, nós continuamos’. Precisa maior racismo do que esse?

A senhora proferiu a primeira sentença contra racismo no Brasil. Como foi a re¬percussão do caso?

Me lembro bem. Aíla Maria de Jesus foi a um supermercado e quando es¬tava saindo, o segurança a humi¬lhou, disse que ela tinha posto na bolsa um frango congelado e dois sabonetes. Ela falou que, se ele cha¬masse a polícia, ela abriria a bolsa. Aí, a polícia chegou e viu que não ti¬nha nada.

Na época, a repercussão foi que o feitiço virou contra o feiti¬ceiro (risos). Comecei a receber ameaças, o pessoal ligava para a mi¬nha casa dizendo: “Onde é que essa negra faz supermercado?” Fiquei com medo e pedi afastamento, re¬solvi voltar para Curitiba.

Aí fui ao banco com meu filho, me sentei e ele foi resolver as coisas para mim. Passou um tempo o segurança ficou meolhando, depois veio outro, depois veio o gerente. E eu lá sem saber o que fazer. Pensei: se eu me mexer para pegar minha car¬teira de juíza, eles podem pensar que eu estou armada e me matar.

Quando meu filho voltou, criei alma nova. Ele falou: “O que é isso com minha mãe?”. E o gerente respondeu: “Ela ficou muito tempo aí sentada”. Chorei a tarde inteira.

No livro “O negro no século XXI”, a senhora diz que “a Justiça é inacessível ao negro pobre”. A senhora é uma das idealizadoras do Balcão de Justiça e Cidadania, que atende moradores das pe¬riferias. Isso vem melhorando?

Sim. Criei o Balcão de Justiça e Cidadania, o Justiça Bairro a Bairro, Justiça Itinerante da Bahia de Todos-os-Santos e o programa Justiça, Escola e Cidadania, para levar a Justiça às escolas públicas.

Recebi em Brasília, em 2006, o Primeiro Premio de Acesso à Justiça, pelo trabalho desenvolvido pelo Balcão.

A ideia é resolver conflitos pela mediação, inclusive divórcios, separações, pensão alimentícia, que são os casos mais frequentes.

As pessoas acham que, para ir até a Jus¬tiça, têm de estar com uma roupa muito arrumada, mas não precisa nada disso. Hoje, trabalho no juizado da Unijorge, que eu implantei.

Por que a Justiça na Bahia é uma das mais lentas no Brasil?

Primeiro, temos um número pequeno de magistrados e um número inaceitável de desembargadores. No Paraná, que é bem menor que a Bahia, são 120 desembargadores. Aqui, são apenas 35. É humanamente impossível. E a falta de re¬cursos colabora bastante negativamente.

O movimento negro muitas vezes pleiteia políticas específicas, como as cotas. Isso não fere a Constituição, que diz que “todos são iguais perante a lei”?

Não se pode igualar os desiguais. Tudo que é inferior é encaminhado ao negro. As cotas são importantes, mas não permanentemente, por¬que senão parece esmola. É enquan¬to se equipara o ensino público e pri¬vado. O problema é que a qualidade da escola pública não melhora.

A maioria das vítimas de homicídio em Salvador são jovens negros. Qual é a par¬cela de responsabilidade da Justiça? Há apenas duas varas do júri para julgar es¬ses casos.

Depois da visita a presídios, resolvi criar um projeto: Inclua no trabalho e na educação e exclua da prisão, para ocupar os jovens da periferia.

A te¬levisão fica com aquele ‘compre, compre, compre’. O adolescente vê um tênis e quer adquirir, seja como for. Pai e mãe também não têm con¬dições, saem para trabalhar, deixam o menino sozinho. O que acontece? O traficante vai e coopta.

O poder pú¬blico é culpado por não dar condi¬ções para as famílias terem uma vida mais digna. Isso tudo vai desaguar no Judiciário, e falta estrutura.

No livro, a senhora também fala sobre aborto. É a favor da descriminalização?

Acho que se trata o assunto olhando somente a mulher pobre. A mulher rica faz aborto a todo instante, mas isso não vem a público, ela não mor¬re, nem é presa.

Acho que tem de deixar de ser crime, sim. Ninguém aborta porque quer.

A senhora é de santo, e o pastor Márcio Marinho, da Igreja Universal, assina a contracapa do seu livro. Como é a relação de vocês?

Me criei no candomblé, sou filha de Iansã.

Acho que, primeiro, não se deve olhar a religião da pessoa, mas sim quem ela é.

Já fiz parcerias com a Igreja Universal, e eles sempre cum¬priram o papel deles.

Em setenta e duas páginas, Luislinda faz um ensaio sobre a situação atual do negro em diversas áreas, como lazer, educação, trabalho, justiça social, políticas públicas, esporte.

A juíza abandona o ‘juridiquês’ e escreve numa linguagem simples e direta, de fácil compreensão.

Luislinda ainda terá sua vida contada no livro “A juíza que rodou a baiana”, escrito pela jornalista Lina de Alburquerque e que deve ser lançado no final deste ano. “O projeto prevê cerca de cinquenta horas de gravação de entrevistas com a personagem e pessoas diretamente ligadas a ela”, conta Lina.

É sempre o negro o delinquente



O professor pediu o material de desenho, a custo o pai de Luislinda conseguiu com¬prar um, meio remendado. Pois bastou o professor ver o material para magoá-la para sempre. “Menina, deixe de estudar e vá aprender a fazer feijoada na casa dos brancos”.

Ela chorou, ainda se emociona quando relembra, 58 anos depois. Mas tomou coragem e retrucou: “Vou é ser juíza e lhe prender”. A primeira parte, ela cumpriu. Em 1984, a baiana Luislinda Valois Santos tornou-se a primeira juíza ne¬gra do País.

Não à toa, também foi ela quem proferiu a primeira sentença contra racis¬mo no Brasil. Em 28 de setembro de 1993, condenou o supermercado Olhe Preço a indenizar a empregada domésti¬ca Aíla de Jesus, acusada injustamente de furto. Aos 67 anos, lança em agosto seu primeiro livro, “O negro no século XXI”.

Como foi sua infância? Imagino que não tenha tido muitos recursos…

Faça uma pequena ideia (risos). Mi¬nha mãe era lavadeira e costureira e meu pai era motorneiro de bonde. Minha infância foi miserável, mas meus pais sempre primaram pela educação e pela nossa saúde. Quan¬do eu tinha 9 anos, estava começan¬do a estudar, um professor pediu um material de desenho e meu pai, coi¬tado, não pôde comprar o que ele pediu, mas comprou outro.

Quando cheguei à escola, feliz da vida, ele disse: “Menina, se seu pai não pode comprar o material, deixe de estu¬dar e vá aprender a fazer feijoada na casa dos brancos”. Imagine como foi marcante pra mim (chora). Saí cho¬rando. Mas sou muito impetuosa. Voltei, fui em cima dele efalei: “Não vou fazer feijoada para branco, não. Vou é ser juíza e lhe prender”.

Em ca¬sa, ainda tomei uma baita surra do meu pai. Naquela época, não se po-dia desrespeitar professor.

Começou a trabalhar cedo?

Com 7 anos, quis aprender datilo¬grafia e, para pagar o curso, minha mãe sugeriu que eu lavasse aquelas fraldas de pano que se usava na épo¬ca. Aí fiz isso. Mas, trabalhar real¬mente, comecei com 14 anos, como datilógrafa.

Comecei na Companhia Docas da Bahia e, logo em seguida, minha mãe tinha acabado de mor¬rer, me arrumaram um trabalho no DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, hoje Dnit). Fui crescendo lá: trabalhei como escre¬vente, escriturária, chefe de orça¬mento.

Estudei filosofia, não con¬cluí, depois comecei teatro, mas meu pai não me deixou cursar, disse que era coisa de prostituta. Aí, um dia, decidi fazer direito. Já tinha uns 34, 35 anos.

Me inscrevi e passei na Universidade Católica. Me formei aos 39 anos, no dia 8 de dezembro e, no dia 9, começaram as inscrições para o concurso de procurador do DNER.

Passei em primeiro lugar no Brasil. Mas não pude assumir aqui.

Por que não?

A pessoa que passou em último tam¬bém era daqui da Bahia. Como eu não tinha padrinho político, algu¬mas autoridades me puseram numa sala e falaram: “Doutora, precisa¬mos da sua vaga aqui. Vamos lhe oferecer Sergipe ou Paraná”. Aí fa¬lei: como vocês estão me mandando embora, vou logo para longe. Fui para o Paraná. Com 90 dias, o chefe da procuradoria de lá se aposentou e fui designada para a vaga dele. Morei lá quase 8 anos.

Li que, antes de estudar direito, a senhora participou de um concurso de beleza. Como foi isso?

Trabalhava no DNER, tinha uns 20 anos, e um dia me chamaram na diretoria e falaram: “estão abrindo um concurso da Mais Bela Mulata e você vai ser a nossa miss” (risos). Aí eles foram falar com meu pai. Era de maiô e tudo, imagine…

Meuu pai fi¬cou bastante reticente, mas por fim pediu a seu Rangel, que era o chefe do administrativo, para assinar um documento se responsabilizando pela minha integridade física (risos). A integridade física da época era a tal da virgindade, a preocupação era essa.

Teve várias etapas. As mais im¬portantes foram no Forte de São Marcelo e na Rua Chile, que era o point. Ganhei como Miss Simpatia.

E como se tornou juíza?

Estava em Curitiba e vim de férias pa¬ra cá, soube do concurso pelo jornal A TARDE, que meu pai comprou. Fa¬lei: pronto, é agora. No dia seguinte, fiz a inscrição e as provas. Aí, uma noite, o telefone tocou e a menina disse que eu tinha sido aprovada. Acordei meia Curitiba, né? (risos).

O fato de ser a primeira juíza negra do Brasil só me dá responsabilidade. Até hoje só temos dois ministros ne¬gros nos tribunais superiores. Por que isso? A inteligência não é priva¬cidade de nenhuma raça. Até por¬que só existe uma raça, a humana. Ser juíza não é difícil. É só ter bom senso, estudar de manhã, meio-dia, de tarde e de noite e gostar de lidar com gente.

Não pode pensar que, só porque o cidadão é marginal, ele já merece estar enclausurado. Primei¬ro se vai ver por que aquele sujeito virou marginal.

A sociedade é quem escolhe quem vai delinquir. E te digo mais: nesse momento, a sociedade escolheu que é o negro, pobre, jo¬vem, da periferia. Na hora que se tem de condenar, se não tiver a quem condenar, se condena o ne-gro, mesmo que ele ainda esteja no ventre da mãe.

A senhora falou que não é “porque o ci¬dadão é marginal que já merece estar en¬clausurado”. A sociedade espera uma resposta, de todo modo. A sociedade não colabora para que as pessoas não cheguem a delinquir. O que é que se tem de dar? Oportu¬nidades.

Primeiro, educação de qualidade e continuada. Imagine uma pessoa que tem oito, dez filhos, se depara uma manhã sem ter o pão para alimentar seus filhos. Se não tiver muito equilíbrio, faz bobagem. Já se viu diante de um caso desse? Como a senhora agiu? Já, no interior. Resolvi da seguinte forma: fui até o prefeito e consegui um serviço de jardinagem para ele.

A pena que dei foi que, com o primeiro salário, ele pagasse o que tinha pego. Nunca mais ouvi falar que esse rapaz fizesse nada de ilegal. Digo sempre o seguinte: se tiver eu e uma loira juntas, o que sumir primeiro, fui eu que peguei. É sempre o negro que é o delinquente de hoje. No seu trabalho como juíza, ainda sofre muito preconceito?

Sou a sétima juíza mais antiga do Estado e nunca consegui ser convoca¬da para o Tribunal. Me sinto preterida.Tenho certeza de que já era pa¬ra eu ser desembargadora há muito tempo, preencho todos os requisitos. Para se saber o que é racismo, é só ficar negro por 48h.

Certa vez, no juizado de Piatã, aproveitei o tempo para arrumar uns processos. Chegou uma advogada e falou: ‘O juiz vem hoje?’. Eu aí fiz um sinal para a moça não dizer que era eu.

A advogada ficou lá, reclamando que juiz nunca chegava na hora, coisa e tal. Na hora da audiência, subi, pus a torga e, quando ela me viu, não acertou fazer nada. Tive de adiar a audiência. Falei: ‘Tenha paciência, a senhora toma um chazinho de erva-cidreira e, amanhã, nós continuamos’. Precisa maior racismo do que esse?

A senhora proferiu a primeira sentença contra racismo no Brasil. Como foi a repercussão do caso?

Me lembro bem. Aíla Maria de Jesus foi a um supermercado e quando estava saindo, o segurança a humilhou, disse que ela tinha posto na bolsa um frango congelado e dois sabonetes. Ela falou que, se ele chamasse a polícia, ela abriria a bolsa. Aí, a polícia chegou e viu que não tinha nada.

Na época, a repercussão foi que o feitiço virou contra o feiti¬ceiro (risos). Comecei a receber ameaças, o pessoal ligava para a mi¬nha casa dizendo: “Onde é que essa negra faz supermercado?” Fiquei com medo e pedi afastamento, re¬solvi voltar para Curitiba.

Aí fui ao banco com meu filho, me sentei e ele foi resolver as coisas para mim. Passou um tempo o segurança ficou meolhando, depois veio outro, depois veio o gerente. E eu lá sem saber o que fazer. Pensei: se eu me mexer para pegar minha car¬teira de juíza, eles podem pensar que eu estou armada e me matar.

Quando meu filho voltou, criei alma nova. Ele falou: “O que é isso com minha mãe?”. E o gerente respondeu: “Ela ficou muito tempo aí sentada”. Chorei a tarde inteira.

No livro “O negro no século XXI”, a senhora diz que “a Justiça é inacessível ao negro pobre”. A senhora é uma das idealizadoras do Balcão de Justiça e Cidadania, que atende moradores das pe¬riferias. Isso vem melhorando?

Sim. Criei o Balcão de Justiça e Cidadania, o Justiça Bairro a Bairro, Justiça Itinerante da Bahia de Todos-os-Santos e o programa Justiça, Escola e Cidadania, para levar a Justiça às escolas públicas. Recebi em Brasília, em 2006, o Primeiro Premio de Acesso à Justiça, pelo trabalho desenvolvido pelo Balcão.

A ideia é resolver conflitos pela mediação, inclusive divórcios, separações, pensão alimentícia, que são os casos mais frequentes. As pessoas acham que, para ir até a Jus¬tiça, têm de estar com uma roupa muito arrumada, mas não precisa nada disso. Hoje, trabalho no juizado da Unijorge, que eu implantei.

Por que a Justiça na Bahia é uma das mais lentas no Brasil? Primeiro, temos um número pequeno de magistrados e um número inaceitável de desembargadores. No Paraná, que é bem menor que a Bahia, são 120 desembargadores. Aqui, são apenas 35. É humanamente impossível. E a falta de re¬cursos colabora bastante negativamente.

O movimento negro muitas vezes pleiteia políticas específicas, como as cotas. Isso não fere a Constituição, que diz que “todos são iguais perante a lei”?

Não se pode igualar os desiguais. Tudo que é inferior é encaminhado ao negro. As cotas são importantes, mas não permanentemente, por¬que senão parece esmola. É enquan¬to se equipara o ensino público e pri¬vado. O problema é que a qualidade da escola pública não melhora.

A maioria das vítimas de homicídio em Salvador são jovens negros. Qual é a par¬cela de responsabilidade da Justiça? Há apenas duas varas do júri para julgar es¬ses casos. Depois da visita a presídios, resolvi criar um projeto: Inclua no trabalho e na educação e exclua da prisão, para ocupar os jovens da periferia.

A te¬levisão fica com aquele ‘compre, compre, compre’. O adolescente vê um tênis e quer adquirir, seja como for. Pai e mãe também não têm con¬dições, saem para trabalhar, deixam o menino sozinho. O que acontece? O traficante vai e coopta.

O poder pú¬blico é culpado por não dar condi¬ções para as famílias terem uma vida mais digna. Isso tudo vai desaguar no Judiciário, e falta estrutura. No livro, a senhora também fala sobre aborto. É a favor da descriminalização?

Acho que se trata o assunto olhando somente a mulher pobre. A mulher rica faz aborto a todo instante, mas isso não vem a público, ela não mor¬re, nem é presa. Acho que tem de deixar de ser crime, sim. Ninguém aborta porque quer.

A senhora é de santo, e o pastor Márcio Marinho, da Igreja Universal, assina a contracapa do seu livro. Como é a relação de vocês? Me criei no candomblé, sou filha de Iansã. Acho que, primeiro, não se deve olhar a religião da pessoa, mas sim quem ela é. Já fiz parcerias com a Igreja Universal, e eles sempre cumpriram o papel deles.


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sábado, 24 de abril de 2010

Mídia, Educação e Tecnologia!

Qual a relação entre mídia, tecnologia e educação?

O Século XX foi um tempo privilegiado para o desenvolvimento da comunicação, uma vez que ela é imprescindível para a educação, pois toda prática educativa é em si também, uma prática comunicativa. Essa relação entre mídia, tecnologia e educação tem sido objeto de estudo de muitos estudiosos, tais como: Maria Luiza Belloni, Marisa Sampaio e outros, dado o desejo de se compreender as relações colaborativas que podem existir entre essas três realidades.
Por mídia, entendemos segundo Marisa Sampaio, ser o conjunto dos meios de comunicação de massa pelos quais a informação se move. Já o texto “A tecnologia nos faz melhores”, tratando da tecnologia a definiu como o uso do conhecimento para desenvolver maneiras de melhorar a realidade das pessoas nos mais diversos aspectos.
A educação como um processo onde se aprende e se ensina ao mesmo tempo, necessita de meios eficazes para criar espaços para uma aprendizagem significativa, atraente, prazerosa. Neste sentido o uso das tecnologias e das mídias pode colaborar enormemente para a criação desse espaço significativo de aprendizagem, uma vez que a comunicação faz parte da educação e não existe educação sem comunicação.
Neste sentido podemos perceber que mídia, tecnologia e educação devem atuar juntas numa relação organicamente construída, buscando formar pessoas de modo integral na cidadania e para a cidadania.
A esse respeito afirma Guareschi e Biz (2005):
Não é possível conceber uma escola, uma comunidade, uma família, ou um movimento popular, que não propiciem a oportunidade de seus participantes dizerem sua palavra e onde não façam o exercício da discussão e da leitura crítica da realidade, realidade essa que é construída pela mídia. É indispensável resgatar esse direito humano à informação e à comunicação, pois é através dele que nos constituímos cidadãos e cidadãs. E é a escola, primordialmente, o espaço privilegiado para essa tarefa de construção da cidadania. A educação é o agente para mudar a história.

Como educadores, devemos estar atentos ao nosso processo de formação continuada para que possamos favorecer uma relação positiva entre mídia, tecnologia e educação e uso das mesmas com criticidade para não nos tornarmos e tornarmos os nossos alunos alienados.

Referência bibliográfica


SAMPAIO, Marisa Narcizo; LEITE, Lígia. Alfabetização tecnológica do professor. Petrópolis: Vozes, 1999.
BELLONI, Maria Luíza. O que é mídia e educação. São Paulo: Autores Associados, 2005.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Media. Acesso em 24 de abril de 2010.
GUARESCHI, Pedrinho A.; BIZ, Osvaldo. Mídia, educação e cidadania. Petrópolis: Vozes, 2005.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Gattaca x O que é Mídia e Educação

Estimada professora Lêda e demais colegas, a idéia que escolhi do livro, "O que é mídia-educação" da Maria Luiza Belloni para relacionar com o filme "Gattaca", está no Capítulo II, "Da tecnologia à comunicação educacional" na página 15, tópico "A cibercultura e a metáfora do impacto". Neste parágrafo a autora relata a "crítica da comunicação, segundo Lucien Sfez, que identifica três grandes metáforas de explicação das implicações socioculturais da TIC (que ele identifica sobretudo na inteligência artificial e na informática:representar ou a máquina; exprimir ou o organismo; e confundir ou o Frankenstein. Na primeira, o homem domina a máquina que lhe é exterior; a metáfora do organismo naturaliza os objetos técnicos, integrando-os a uma natureza controlada, à qual os homens devem adaptar-se, pois fazem parte dela, todos, homens, máquinas e natureza, integrados num grande organismo. A metáfora do Frankenstein busca representar uma visão apocalíptica dos efeitos da informática e da inteligência artificial sobre a capacidade humana de pensar e de produzir conhecimento, que o autor chama de "tautismo" para infatizar a primazia tecnológica e seu caráter redutor do pensamento humano ou, mais precisamente, das competências cognitivas e comunicativas do ser humano...". A cena do filme que escolhi é o momento do nascimento do "Vincent Anton", quando o médico emite seu parecer sobre o seu futuro. As previsões são piores, possíveis, porém, mesmo mesmo tendo pré-disposição a várias doenças e uma previsão de sua morte para seus 30 anos, busca realizar seu sonho contra tudo e todos. Deseja Viajar para as estrelas e com todo seu esforço e com a ajuda de outros, tenta superar os limites impostos ao seu destino, sendo obrigado a esconder de todos quem ele realmente é. É o tempo em que tecnologia tenta vencer o humano. O nascimento e a vida do irmão de Vincent, nos fazem perceber que o ser humano é um ser de possibilidades, subjugá-lo não é o caminho mais inteligente.

Referência Bibliográica

BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. 3.ed. Campinas-SP: Autores Associados, 2009.

domingo, 18 de abril de 2010

Apenas diferentes!

Caros colegas "Uma criança deficiente não é respeitada se for abandonada à sua deficiência, do mesmo modo que não é respeitada se se negar a realidade da sua deficiência. É respeitada se a sua identidade, a sua originalidade, da qual a deficiência também faz parte, for favorecida e quase provocada, isto é, se ela for levada a desenvolver-se. Tal é a atitude realista ativa, em situação e em relação. Se for ao contrário, temos o realismo inerte" (Canevaro, 1984). As deficiências não podem ser utilizadas para justificar o abandono da pessoa. As características mais importantes das pessoas com algum tipo de deficiência são as habilidades que desenvolvem no desejo de seguir a vida com dignidade. Como educadores é de suma importância que estejamos capacitados para lidar com o ensino e a aprendizagem através da adaptação curricular. No desenvolvimento do ensino inclusivo somos capazes de garantir dignidade e cidadania as pessoas com deficiência. O primeiro passo é conhecer o aprendiz com quem estamos lidando e o grau de sua deficiência. Depois teremos possibilidade de escolher as ações pedagógicas mais adequadas a serem adotadas. Segue: http://www.youtube.com/watch?v=Cpf-UH4c6Wc